PSICOTERAPIA – PORQUE FAZER?

Durante muitas décadas a psicoterapia tem andado ao lado e à margem das preocupações médicas.  Alguns poucos a recomendando e a grande maioria ignorando os avanços dessa técnica de tratamento para distúrbios emocionais. A prática médica está muitas vezes voltada à solução de uma sintomatologia, que pode ser removida através de medicamentos alopáticos, e poucas vezes voltadas para solução das causas ou origens dos problemas. Trata-se o sintoma, sem eliminar a causa. Faz parte da cultura e da prática da medicina. O sintoma se apresenta e é eliminado, muitas vezes removido cirurgicamente. Simples e eficiente, como diria qualquer cirurgião. 

Nos dias atuais esse panorama tem mudado, graças às crescentes descobertas da neurociência sobre as funções cerebrais e o papel dos sentimentos e emoções na causa e origem de inúmeras  doenças graves. O papel das doenças tidas como “psicossomáticas” tem aumentado nas preocupações dos médicos, cientistas e pesquisadores que a cada dia atribuem às emoções e aos sentimentos valores antes pouco percebidas. A psicologia e a psicoterapia têm assumido posição de destaque nas discussões sobre o tema e nas descobertas de tratamentos e alternativas para cura dessas doenças. 

O estresse da vida moderna é outro grande responsável pelo surgimento de quadros até então secundários dentro da literatura médica. Síndrome do pânico, depressão, ansiedade, transtornos de bipolaridade, psicopatias, psicoses e problemas de relacionamento nunca tiveram tão em alta nas rodas de estudos, nas discussões científicas, nos meios de comunicação e, claro, nos consultórios médicos e de psicólogos. Essa sintomatologia resiste aos tratamentos alopáticos e medicamentosos. A literatura especializada demonstra que os resultados obtidos pela psicoterapia são muito mais duradouros e eficientes, além de apresentarem inúmeras vantagens colaterais no crescimento emocional, em grandes saltos de maturidade, mudanças de hábitos e comportamentos altamente positivos são percebidos e sentidos por quem passa por uma psicoterapia.

 Nesse sentido, começamos a perceber que apesar de o homem ser um constante vir a ser, quando ele vem à psicoterapia é exatamente porque encontra-se impedido nesse fluir e cristalizado em alguns padrões que não estão sendo experimentados como satisfatórios. Percebemos também que sua sabedoria organísmica encontra-se prejudicada, pois ele possui pouca consciência (awareness) a respeito de suas necessidades e do significado de suas questões. Ele vem à psicoterapia exatamente porque não consegue dar sentido, continuidade e direção ao seu projeto de vida, escolhendo sozinho seus caminhos e responsabilizando -se por suas escolhas

Na psicoterapia o paciente aprende a se conhecer, a pesquisar sobre si mesmo, sobre seus sentimentos e as formas como responde às suas demandas internas e externas. Dizemos que a psicoterapia tem um papel de ampliar a consciência que se tem de si mesmo, e ao fazer isso instrumentaliza a pessoa para lidar melhor com suas angústias, depressão, ansiedade, transtornos e conflitos emocionais que esteja vivendo. A psicoterapia fortalece o eu da pessoa, torna-a mais confiante e segura, habilita-a a tomada de decisões mais acertadas e conscientes. A pessoa cresce e amadurece emocionalmente, melhora o relacionamento consigo mesma e com as pessoas e grupos com os quais convive. Supera traumas e sentimentos indesejados e doloridos. Adquire forças para realizar projetos e se autorrealizar, aprende a superar limites – muitas vezes autoimpostos -, a aceitar limitações, a conviver de forma criativa, transformadora e ao mesmo tempo harmoniosa com sua realidade. 

Quem amplia a consciência sobre si mesmo determina para si uma conduta mais de acordo com as suas pontencialidades; não se submete à tirania das circunstâncias, dos temores, das suspeitas e fraquezas deprimentes. A consciência é uma função que liberta e previne. A pessoa consciente e madura emocionalmente garante acontecimentos mais agradáveis, evita situações difíceis e vive mais de acordo com princípios e verdades superiores.

Autor

Euclides A Carriço

Niterói dez/2010

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